HOJE às 14:40 actualizada às 16:590
A política agrícola na UE deverá tornar-se mais verde. Após longos
debates, ministros do bloco lançaram propostas de mudança. Para os
ambientalistas, porém, trata-se de palavras vazias: a reforma não terá
o impacto anunciado.
Trata-se de um grande projecto, envolvendo muito dinheiro: a cada ano,
os agricultores da União Europeia são subsidiados com 60 mil milhões
de euros. Até agora, muitos agricultores recebiam por hectare de terra
cultivado, independentemente do que e como cultivassem. Isso deverá
mudar.
O plano dos ministros da Agricultura da UE é que, futuramente, os
produtores só recebam as verbas na íntegra, se prestarem uma
contribuição ao meio ambiente nas suas terras. A intenção é tornar a
política agrícola da União Europeia mais «verde».
Pelo menos 30% dos pagamentos directos deverão estar vinculados a
esses serviços ambientais. Isso foi decidido pelos 27 ministros
europeus de Agricultura após 36 horas de negociações. Meras
monoculturas que transformam, por exemplo, parcelas de terra num mar
de campos de milho, vão deixar de existir.
Para continuar a receber a subvenção integral, as explorações precisam
de plantar dois ou três produtos diferentes. Além disso, os
agricultores deverão utilizar 5% das suas terras de forma extensiva,
ou seja, ambientalmente mais correta.
O que soa como um slogan em prol da agricultura ecológica, não passa
de palavras vãs, do ponto de vista dos ambientalistas. O conceito de
greening, que faz parte do acordo dos ministros para «ecologizar» a
agricultura, seria antes «um conceito vazio», afirma Reinhild Benning,
especialista em agricultura da Federação do Meio Ambiente e
Conservação da Natureza da Alemanha (Bund, na sigla original).
As normas ambientais formuladas na proposta seriam tão «vazias de
conteúdo, que nem as espécies nem o clima estariam protegidos», aponta
a especialista, acrescentando que não surtirão nenhum efeito.
Segundo uma proposta anterior da Comissão Europeia, os agricultores
deveriam comprometer-se a disponibilizar 7% das suas terras para a
protecção das espécies, através, por exemplo, da plantação de campos
de flores para abelhas ou cercas vivas para ninhos de aves.
«Agora são somente 5%, e até esses 5% podem, em princípio, continuar a
ser cultivados normalmente», disse Benning. Portanto, o acordo não
contribuirá para preencher novamente com vida «estepes agrícolas
vazias, desbastadas», como também é o caso de algumas regiões na
Alemanha.
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=623070
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