LUSA 22/03/2013 - 18:29
Associações dizem que empreendimento poderá pôr em causa o projecto de
candidatura da Arrábida a Património Mundial da Humanidade.
Ambientalistas dizem que não foram avaliados os impactes na
biodiversidade e no património natural NUNO FERREIRA SANTOS
Três organizações não governamentais de defesa do ambiente deram esta
sexta-feira um parecer desfavorável ao Estudo de Impacto Ambiental
(EIA) do empreendimento turístico da Mata de Sesimbra, que consideram
ser um atentado contra o ambiente e ordenamento do território.
A Liga para a Proteção da Natureza (LPN), Associação Nacional de
Conservação da Natureza (Quercus) e Grupo de Estudos de Ordenamento do
Território e Ambiente (GEOTA) acusam a Câmara de Sesimbra de insistir
num mega empreendimento com fortes impactes negativos na região e
garantem que o EIA não faz uma avaliação dos impactes cumulativos de
todos os empreendimentos turísticos previstos para a Península de
Setúbal.
Assegurando que já existe "oferta excessiva" para toda a península,
para onde está previsto um total de sete campos de golfe e de 30.000
camas, os ambientalistas dizem que se está "em presença do planeamento
da construção de um `continuum´ urbano do Seixal até Sesimbra, com
impactes sobre as áreas classificadas e as populações, que não foram
avaliados".
Só o empreendimento turístico da Mata de Sesimbra sul prevê um total
de 17.000 camas turísticas, a maioria das quais em moradias, e de três
campos de golfe, o que para a LPN, Quercus e GEOTA "significa a
construção de uma verdadeira cidade, numa zona até agora de uso
florestal".
Para as associações ambientalistas, o EIA também não avalia
devidamente os impactes sobre o ordenamento do território
(acessibilidades e dinâmica territorial), limitando-se a enunciar
algumas condicionantes. "O Plano de Acessibilidades para o concelho de
Sesimbra, afirma claramente que, mesmo com todas as medidas
preconizadas, não seria possível garantir as acessibilidades para o
nível de ocupação que este empreendimento pressupõe", referem os
ambientalistas.
As associações consideram também que não foi feita uma avaliação
rigorosa dos impactes sobre os recursos hídricos, abastecimento de
água e saneamento básico, nem avaliados os impactes na biodiversidade
e no património natural, designadamente sobre o Sítio de Importância
Comunitária "Fernão Ferro" e sobre a Zona de Proteção Especial para as
Aves "Lagoa Pequena".
Além de tudo isto, os ambientalistas reiteram que a oferta turística
existente na região é mais do que suficiente e está longe de uma
ocupação a 100%, mesmo nas épocas altas, salientando ainda que, de
acordo com os Censos de 2011, só no concelho de Sesimbra existem 2.836
alojamentos devolutos, o que significa uma capacidade habitacional na
ordem das 10.000 pessoas.
Os ambientalistas da LPN, Quercus e GEOTA advertem ainda que o mega
empreendimento da Mata de Sesimbra, a ser concretizado, vai alterar
profundamente a paisagem e os ecossistemas existentes no local e
poderá pôr em causa o projeto de Candidatura da Arrábida a Património
Mundial da Humanidade.
http://www.publico.pt/local/noticia/ambientalistas-dao-parecer-desfavoravel-a-empreendimento-da-mata-de-sesimbra-1588792
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