terça-feira, 26 de março de 2013

Nauru, Kiribati mais 12 novos mercados

Empresas venderam os seus produtos, em 2012, para 208 países em todo o
mundo. Entre estes há apostas novas


Paulo Portas
José Carlos Pratas
26/03/2013 | 00:00 | Dinheiro Vivo
Nauru, Kiribati, São Pedro e Miquelon ou Santa Helena... Estes são
apenas alguns dos 14 novos destinos dos produtos portugueses 2012, ano
em que as exportações portuguesas chegaram a um total de 208 países de
todo o mundo, no valor global de 45 358,9 milhões de euros. Estes 14
novos mercados compraram, o ano passado, bens portugueses no valor de
428.943 euros. Sim, o valor é quase irrisório, mas são mercados
completamente novos e que resultam dos esforços de diversificação de
destinos dos empresários portugueses que tentam fugir da tradicional
dependência excessiva da Europa.
Os dados são do Instituto Nacional de Estatística (INE) e mostram que,
entre os 14 novos destinos das exportações portuguesas, só as Ilhas
Marshal são uma presença constante nos últimos três anos. E mesmo para
este país da Micronésia, vizinho do Kiribati, as vendas portuguesas
sofreram um revés, já que passaram de 2,915 milhões de euros em 2010 e
para um valor estimado de 49.290 euros em 2012.
Mas há outros nomes tão ou mais exóticos do que os já referidos entre
as novas apostas das empresas portuguesas. É o caso de Anguila,
território britânico ultramarino nas Caraíbas, Samoa e Samoa Americana
(ambas na Polinésia) ou Vanuatu (Estado soberano insular da
Melanésia). Os Territórios Franceses do Sul, o Laos, a Coreia, o
Lesoto e a Somália terminam a lista dos 'top 14' das novas apostas
portuguesas pelo mundo.
E se saber quais são as empresas que estão a vender para estes países
se revela tarefa praticamente impossível, perceber a estratégia de
quem aposta em destinos tão exóticos não é, assim, tão difícil. Basta
ter em conta que as exportações portuguesas fecharam 2012 a crescer
5,8%, mas impulsionadas pela variação positiva de 19,8% no comércio
extracomunitário. As vendas no seio da União Europeia avançaram,
apenas, 1% no mesmo período. Apesar das relações comerciais das
empresas portuguesas continuarem dominadas pela UE, não é menos certo
que esse peso tem vindo a diminuir, fruto de um esforço de
diversificação de mercado: em 2012, a UE absorveu 71,1% dos bens
exportados, versus os 74,4% de 2008.
Esse é um caminho que não se trilha de um dia para o outro. "Leva
tempo a procurar novos mercados e leva tempo a conquistá-los.
Sobretudo se for em áreas onde não temos grande tradição e em que é
difícil entrar", refere João Duque, que dá como exemplo "a prestação
de serviços particularmente sofisticados, eventualmente na área da
consultoria high tech", para lembrar que a má imagem que o país tem no
exterior, não ajuda nada. "O país tem sido primeira página do
Finantial Times uma série de vezes no último ano, não é é por boas
razões", lembra. Por isso defende que, "o melhor que nos podia
acontecer" era que os mercados internacionais associassem a
recuperação económica do país "a alguma coisa, a alguma fileira, à
agricultura, ao turismo, algo de que todos falassem".
Mas não há bons sectores, questionamos? E os casos de sucesso tão
falados, como a moda portuguesa, o calçado, a cortiça? "Há sinais de
que há bons setores. O calçado, por exemplo, tem estado a apostar bem,
mas não é suficiente", refere o economista.

http://www.dinheirovivo.pt/Economia/Artigo/CIECO115398.html?page=0

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