20h28m
A fileira da castanha espera há três anos pelo apoio do Governo à
concretização do projeto RefCast, que inicialmente previa a duplicação
da plantação de souto em Portugal e a criação de 1.700 postos de
trabalho directos.
foto GLOBAL IMAGENS/ARQUIVO
Produção de castanha pode gerar emprego
A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) anunciou em Junho
de 2008 um grande projecto de investimento no sector - o RefCast, que
entretanto se transformou numa rede de cooperação e já conta com mais
de 28 parceiros das regiões produtoras de castanha.
Ao longo destes anos, apesar das boas críticas por parte dos vários
ministros da Agricultura e da Direcção Regional de Agricultura e
Pescas do Norte, ainda não foi dado nenhum passo com vista à definição
de uma linha estratégica de apoio.
Mais recentemente, a rede apresentou o projecto ao secretário de
Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Daniel Campelo.
"Entendemos que o castanheiro é uma fileira de oportunidade para estas
zonas de montanha porque se trata de um produto que é muito valorizado
e cuja procura supera a oferta", afirmou à Agência Lusa José Gomes
Laranjo, professor e investigador da UTAD.
O responsável salientou a grande procura externa deste fruto e
sublinhou a possibilidade de se aumentar a sua exportação se fosse
concretizado o projecto de aumentar a área de plantação de souto no
país.
Mas, para que haja mais castanha é preciso que haja também investimento.
Por isso, os parceiros do RefCast reivindicam o apoio do Estado para
promover os investimentos junto dos pequenos agricultores e defendem,
no âmbito do PRODER, a criação de uma linha estratégica de apoio para
incentivar o plantio de soutos. "Tal e qual está a ser feito na
vinha", acrescentou o responsável.
José Gomes Laranjo referiu que o secretário de Estado "ficou
sensibilizado" com o projecto, mas "não se comprometeu com nada".
"Sempre que vamos a Lisboa falar da castanha nós sentimos que há
interesse, mas depois parece que a fileira não consegue reunir o peso
político necessário para convencer os nossos decisores", sublinhou.
Os parceiros da rede representam cerca de 90% do mercado da castanha
em Portugal.
O RefCast quer desenvolver dois grandes eixos, um mais voltado para a
produção e outro mais direccionado para a sua transformação.
A proposta inicial previa a plantação até 2013 de cerca de 12.000
hectares de souto, o que se poderia traduzir em mais de 1.700 postos
de trabalho directos, beneficiando também alguns milhares de
agricultores.
Passados três anos, o investigador diz que é preciso rever estes
valores. "Nesta fase, a dois anos de chegarmos a 2013, estaríamos a
falar na plantação de cerca de 6.000 hectares para um valor global de
32 milhões de euros. Isto representaria em termos de incentivo de
Estado qualquer coisa como 16 milhões de euros", explicou.
Em consequência, o número de postos de trabalho fica reduzido a cerca
de metade também.
A região de Trás-os-Montes e Alto Douro é responsável por 85 % da
produção nacional de castanha que se estende por uma área total de
cerca de 35 mil hectares.
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=2044557&page=-1
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