sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Mosca da azeitona e doença da gafa afetam olivais do sul e prejudicam azeite


Lusa
06 Nov, 2014, 17:38

Uma praga "agressiva" da mosca da azeitona e a doença da gafa estão a afetar os olivais do sul de Portugal e a prejudicar a produção de azeite, alertou hoje um responsável da associação de olivicultores da região.
"Temos tido um ano com condições climatéricas diferentes das normais na região", com "um verão com temperaturas muito suaves e chuva muito abundante no final do verão e no princípio do outono", o que "tem provocado condições muito favoráveis para o desenvolvimento da praga da mosca da azeitona e da doença da gafa", disse à agência Lusa Álvaro Labella, da direção da Olivum - Associação de Olivicultores do Sul.

A Olivum e os olivicultores estão "preocupados" com a situação, que "está a provocar um prejuízo muito grande nas explorações olivícolas", afirmou, referindo que, para já, "é difícil avaliar qual poderá ser a quebra" na produção de azeite, mas, "juntando os dois problemas, em muitos dos olivais vai ser muito grande".

"Este tem sido um ano muito complicado", frisou, referindo que, devido à praga da mosca e à doença da gafa, que é provocada por um fungo, a azeitona tem "uma queda prematura", ou seja, não chega a ser colhida porque cai no chão e já não se pode aproveitar.

Por outro lado, a azeitona que é aproveitada e colhida das árvores afetadas "tem menos qualidade", porque começa "a ter índices de acidez muito altos" e o azeite produzido "acaba por ser desvalorizado no preço por causa da qualidade", acrescentou.

Segundo Álvaro Labella, "a praga da mosca da azeitona é um problema endémico da região e do Mediterrâneo", onde ocorre todos os anos, "no final do verão, quando começa a haver mais humidade e as temperaturas são mais frescas", e os olivicultores têm sempre de aplicar fitofármacos para a controlarem.

A mosca da azeitona "tem alguma dificuldade em desenvolver-se" em anos com "verões muito quentes e outonos secos", mas como o verão deste ano foi "tão atípico para a região, com temperaturas tão baixas e uma humidade mais alta", a praga apareceu "muito mais cedo e com uma agressividade" que os olivicultores não têm "conseguido controlar" através da aplicação dos fitofármacos que podem usar, frisou.

Além disso, lamentou, "humidades tão altas, tanta chuva e temperaturas ainda muito altas para esta altura do ano", permitiram o desenvolvimento da doença da gafa, que veio "agravar ainda mais" o problema da praga da mosca da azeitona.

O fungo, que provoca a doença da gafa, "além de se desenvolver de forma natural no fruto quando tem as condições idóneas, tem "mais facilidade" para entrar na azeitona através da "ferida" provocada pelo ataque da mosca, explicou.

Nesta altura do ano, praticamente 100% do azeite produzido devia ser virgem extra, ou seja, ter um grau de acidez até 0,8%, e só com o evoluir da campanha, a partir de dezembro, é que deveria começar a aparecer mais azeite com graus de acidez mais altos.

No entanto, devido à doença da gafa, já há azeites com graus de acidez que "ultrapassam 1%", o que, "nesta altura do ano, é uma barbaridade e uma coisa completamente atípica", frisou.

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