terça-feira, 4 de novembro de 2014

Os três graus que fazem a diferença na Taylor's

Empresa famosa pelo vinho do Porto desenvolveu um modelo de viticultura com base num sistema inovador de terraplanagem que contribui para a biodiversidade e sustentabilidade da região
Tiago Oliveira
15:52 Segunda feira, 3 de Novembro de 2014 |

Os patamares estreitos com apenas uma fila de videiras e inclinação de três graus são o cerne do modelo
Os patamares estreitos com apenas uma fila de videiras e inclinação de três graus são o cerne do modelo
D.R.
Douro vinhateiro. A mais antiga região demarcada do mundo. O berço do vinho do Porto é uma das áreas agrícolas mais emblemáticas do país e para responder aos desafios modernos, tenta não perder o comboio da sustentabilidade. A Taylor's tem contribuído para a causa e destaca-se por um inovador método de plantação que mantém a qualidade dos seus produtos, sem perder de vista as preocupações ambientais.

"A base do modelo é a construção de patamares estreitos, cada um dos quais com apenas uma fileira de vinhas", explica Ana Maria Morgado da Taylor's. "Os patamares são desenhados com muita precisão, usando máquinas de terraplanagem em que o operador é guiado por um sistema inovador de orientação a laser. Isso permite a inclinação dos patamares com exatamente três graus com a horizontal. Com esta inclinação, é possível atingir o equilíbrio entre a penetração da água da chuva no solo e o escoamento do excesso ao longo do patamar, evitando a erosão do solo", garante.

Outro dos objetivos que guiam estas práticas biológicas prende-se com eliminar o uso de herbicidas no controlo da vegetação indesejável. Por isso, um caminho entre a linha de videiras e a base do talude permite o acesso de máquinas para não impedir crescimento natural das ervas no declive. Ao longo dessas linhas, realiza-se uma plantação temporária de um tapete de espécies selecionadas.

Clássico do mundo

O coberto acaba por morrer naturalmente e pode ser cortado mecanicamente para formar um restolho (nome dado às folhas e caules de cereais que são deixados nos campos após as colheitas). Desse modo, reduz-se a perda de água ao mesmo tempo que se mantém a integridade das encostas e se proporciona um refúgio para os insetos com benefícios claros para a biodiversidade nas vinhas.

A ausência de herbicidas permite que a vegetação se regenere com facilidade e naturalmente em cada ano.

Ana Maria Morgado esclarece que foi "em 1992 que se começou a trabalhar para esta estratégia" e que prémios já atribuídos, como por exemplo o BES Biodiversidade, são um garante que o caminho trilhado está a ser o correto. Presente em 72 países e com um volume de negócios na ordem dos €59 milhões, a Taylor's sente-se na obrigação de ser parte integrante na preservação da região que é o seu sustento. "O futuro do Vale do Douro e do seu ambiente único é também o futuro do vinho do Porto, um dos grandes vinhos clássicos do mundo e uma parte insubstituível do património da humanidade", garante.

O novo modelo de vinha pode mesmo ser utilizado como base tanto para a viticultura sustentável como apenas para a produção biológica pelo que este exemplo se pode agora expandir para outros locais.


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