sábado, 8 de novembro de 2014

Terroir é um mito


2 de Novemro de 2014, por Elisabete Mendes
 

De acordo com a professora francesa Valéry Michaux, não é por conta da química do solo, do clima, ou do conhecimento do local que os vinhos como os de Champagne e Rioja são considerados alguns dos melhores do mundo, mas, sim, por conta da colaboração entre os produtores e pela somatória de experiências. No livro «Estratégias de Vinificação Territorial, Clusters, regulamentação e Marcas territoriais», Valéry argumenta que o sucesso internacional dos vinhos é de responsabilidade total do «efeito cluster», forte regulamentação e uma única marca territorial, em vez da noção de terroir.
 
O livro foi escrito por uma equipe de pesquisadores franceses e internacionais de diversas disciplinas entre economia e gestão. Para a professora, a região vinícola de Silicon Valley, na Califórnia, é um bom exemplo de local que faz bom uso do 'efeito cluster', o qual inclui uma forte concorrência empresarial, inovação e ajuda solidária mútua. «A presença de uma aliança estratégica entre os profissionais do vinho contribui significativamente para o desenvolvimento de uma única marca territorial e sua influência. Uma regulamentação local forte também é essencial para a marca existir», afirmou.
 
O grupo de produtores do Silicon Valley analisou os estudos de caso de diferentes vinhedos ao redor do mundo, incluindo os de regiões bem sucedidas como Champagne e Rioja, de regiões em desenvolvimento como Cahors e Armênia e de coprodutoras como as do norte da Itália e do Vale de Bekaa, no Líbano.

1 comentário:

Anónimo disse...

Esta notícia é tão aberrante como o artigo (pseudo-) científico que lhe serve de objecto. Não existe nenhuma região vinícola de Silicon Valley, nem se conhece nenhum produtor de vinhos de sucesso com vinhas nessa area da Califórnia. O que a autora do trabalho propõe é que, considerando o sucesso de Silicon Valley nas TI como resultante da sua concentração empresarial, as regiões mais famosas de vinho do mundo também resultariam dessa mesma concentração em maior medida do que da qualidade dos seus vinhos. É uma proposta que entendo absurda, pois despreza o papel que a percepção do consumidor tem no sucesso do vinho e que toda a envolvente produtiva contribui para definer. Na verdade, pretende que uma região vinícola possa nascer apenas por uma concentração de produtores num determinado local, independentemente das características que esse local possa ter, o que qualquer novato no sector dos vinhos ou qualquer enófilo com um pouco de experiência sabe não ser verdade. Aos redactores desta notícia, pede-se maior cuidado na elaboração das notícias e maior sentido critico das propostas feitas, em vez de meras (e más) transcrições acríticas. Não sabem nada sobre vinhos? Então não escrevam sobre o assunto.

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